O grupo Católicas pelo Direito de Decidir (CDD) divulga pesquisa encomendada ao IBOPE Inteligência, realizada em fevereiro de 2017. Os dados revelam que 64% dos brasileiros entendem que a decisão sobre o aborto deve ser da própria mulher, um crescimento de 3 pontos percentuais (p.p) na comparação com pesquisa realizada em 2010. Em outro patamar, aumentam de 6% para 9% os que atribuem o poder de decisão ao marido/parceiro, enquanto 6% mencionam o Judiciário, 4% a igreja, 2% a Presidência da República e 1% o Congresso Nacional (todos apresentam variação dentro da margem de erro, comparando com a pesquisa anterior). Aqueles que consideram que nenhum desses deve decidir pelo aborto, passam de 20% para 10% no atual levantamento.
Agrupadas as respostas dos que julgam ser da própria mulher e do parceiro o direito de decidir chega-se a 73% das menções, enquanto os que atribuem esse poder às instituições somam 12% da amostra. Esta expressiva diferença mostra a tendência de reconhecer que a decisão sobre a interrupção ou não de uma gravidez indesejada é uma questão de âmbito privado, em um claro indicativo de que a maioria dos(as) brasileiros(as) entende que as instituições devem suspender a legislação restritiva que impede a tomada de decisão pelas mulheres.
Ainda na comparação com a pesquisa de 2010, considerando os segmentos sócio-demográficos da pesquisa, nota-se em todos eles um aumento da opinião favorável à decisão da mulher. No entanto, o crescimento é mais significativo entre: os entrevistados com 50 anos ou mais (9p.p cada), os que têm o ensino superior, os com renda familiar de até 1 salário mínimo (8p.p cada), os entrevistados do sexo feminino e entre aqueles com renda familiar superior a 5 salários mínimos (7p.p cada).
Analisando os resultados pela variável religião, observa-se um quadro sugestivo sobre o tema. Embora os líderes religiosos católicos representem um dos principais obstáculos às mudanças legais em favor do aborto, a opinião dos fiéis católicos sobre a decisão da interrupção ser da mulher, se mostra em perfeita sintonia com o total de brasileiros; eram 61% em 2010 e passam a 65% em 2017. Dentre os evangélicos, a maioria (58%) também acredita que a decisão deve ser da mulher (oscilação de 1p.p em relação a 2010).
A pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 20 de fevereiro de 2017. Foram entrevistados 2002 brasileiros com 16 anos ou mais, em 143 municípios. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. O nível de confiança utilizado é de 95%.
Leia a matéria exclusiva no Correio Braziliense: https://goo.gl/npe1gv