20 de novembro: Precisamos falar sobre racismo nas religiões

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Por que a necessidade de celebrar um dia da Consciência Negra? Tal pergunta pode parecer simples. No entanto, sua resposta exige uma reflexão e uma ampla memória para reconhecer os processos históricos que excluíram e segregaram a população negra. Foram anos de escravidão e a aboliação não significou efetivamente a libertação do povo negro. No Brasil, 54% da população é composta por negros e negras, ou seja, mais da metade da população. Ainda assim, é invisibilizada e oprimida por um racismo estrutural que atravessa as instituições políticas, sociais, culturais e religiosas.

O racismo se concretiza nos corpos de mulheres e homens negros. São os corpos que mais sofrem as violências diversas. Temos atualmente o crescimento de violência doméstica e de feminicídios (principalmente contra as mulheres negras), aprofundados pela crise sanitária, econômica, humanitária e política instalada no Brasil devido a pandemia causada pela COVID-19.

A violência sexual acomete grande número de mulheres e meninas negras, assim como a violência obstétrica. Além disso, jovens negros e periféricos são as principais vítimas da violência do Estado. Por essas e outras questões, é necessário celebrar uma data sobre a Consciência Negra. Mais do que celebrar, é também denunciar a realidade do racismo.
Entre outras frentes e pautas de trabalho, Católicas pelo Direito de Decidir vem contribuindo para o diálogo inter-religioso e ecumênico como caminho para a desconstrução do racismo institucional e estrutural. Dessa forma, nos meses de julho e agosto de 2020 foi realizado o webinar Diálogos sobre Racismo nas tradições religiosas.

Durante cinco semanas o evento reuniu lideranças religiosas (Igreja da Comunidade Metropolitana, Candomblé, Igreja Anglicana, Igreja Metodista, Comunidade Batista São Gonçalo-RJ), para conversar sobre o racismo nessas denominações e as ações antirracistas desenvolvidas.
Por que precisamos falar de racismo nas tradições religiosas? Segundo pesquisa DataFolha, publicada em janeiro deste ano, constatou-se que 59% dos/as evangélicos/as e 55% dos/as católicos/as são negros/as. Os resultados da pesquisa instigam um olhar atento para o lugar das negras e dos negros dentro dos espaços das tradições religiosas de forma mais ampla, e não somente restrita às tradições cristãs.

As religiões compõem o substrato da sociedade brasileira. Possuem uma centralidade, sobretudo, em tempos de constantes ataques ao Estado Laico. No entanto, as religiões carregam internamente mensagens, conteúdos e linguagens que, não raras vezes, corroboram para ações racistas. Tais questões precisam ser desconstruídas e, por isso, a necessidade da discussão sobre o racismo no cerne das religiões.

O webinar em questão objetivou evocar o debate sobre o racismo nas tradições religiosas que, ainda, é incipiente. Nesse sentido, as/os participantes contextualizaram suas denominações religiosas, falaram sobre as suas experiências pessoais enquanto pessoas negras e apontaram para saídas antirracistas.

Para celebrar o Dia da Consciência Negra e denunciar o racismo nas comunidades de fé, Católicas pelo Direito de Decidir disponibilizará todos os conteúdos do webinar em seu canal no YouTube, tendo em vista a potencialidade dos ambientes digitais na circulação de informação e de conhecimento. A partir do dia 20 de novembro, será publicado um encontro por dia. Inscreva-se: www.youtube.com/user/cddbr.

  • Webinar #5 | Diálogos sobre racismo nas tradições religiosas | Adriana de Nanã