Julho das Pretas: rememorando histórias de mulheres negras

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Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e do Dia Nacional de Tereza de Benguela, celebrado no dia 25 de julho, apresentaremos histórias de quatro mulheres negras brasileiras e uma caribenha: Rosa Egipcíaca, ex-escravizada africana, prostituta e convertida ao catolicismo; Laudelina de Campos Mello, trabalhadora doméstica e fundadora do 1º Sindicato de Trabalhadoras Domésticas do Brasil; Luiza Bairros, ativista do Movimento Negro e do Movimento de Mulheres Negras; e Ochy Curiel, ativista e teórica feminista negra, expoente do Feminismo Descolonial latino-americano.

A América Latina e a África são continentes marcados pela experiência nefasta dos processos de colonização europeia. Tais processos deixaram marcas memoráveis na história de vida desses povos que tiveram suas histórias, crenças, culturas, dentre outros aspectos, extintos em função de novas afirmações advindas do arcabouço cultural, social e religioso imposto pelos colonizadores.

A condição de ser mulher sofreu diversas mutações na história, haja vista as sociedades colonizadas, que culminaram em outro padrão de mulher: a mulher colonizada, subserviente, vítima do poder masculino colonizador. Tudo isto acarretou sequelas que perpassam ainda as sociedades. Entretanto, as mulheres não foram vítimas silenciosas: em toda a história houve mulheres que transgrediram as normas nos espaços em que estiveram, sejam eles religiosos, culturais, políticos e sociais. Elas denunciaram as violências e o racismo contra as mulheres e seus corpos; mas também anunciaram (e anunciam) outros tempos mais prósperos para a vida e os corpos das meninas e mulheres.

Assim queremos recuperar a vida e a história dessas quatro mulheres que marcaram o seu tempo e que ainda seguem marcando. Precisamos cada vez mais falar de mulheres e evocá-las à roda das discussões, pois vivemos um tempo de ódio e guerra aos corpos de meninas e mulheres; e muitas mulheres foram invisibilizadas pela história, tendo sido relegadas a um lugar de menor importância ou inexistência. Este mês em que rememoramos a vida, a história e as lutas das mulheres negras, nós de Católicas pelo Direito de Decidir, organização comprometida com a luta antirracista e com os direitos sexuais e direitos reprodutivos das mulheres e de todas as pessoas que gestam, queremos contribuir e trazer para o conhecimento a vida de importantes mulheres brasileiras e caribenha.

De modo a aquecer nossos corações com as histórias de vida dessas mulheres e impulsionar nossa luta por uma sociedade menos racista, machista, patriarcal, em que todas as mulheres sejam reconhecidas. Acompanhe.

A história de vida de Rosa Egipcíaca é ainda pouco conhecida do grande público brasileiro e ignorada nos cânones da Igreja Católica. Se passa no período Brasil Colônia, na primeira metade do século XVIII. Há alguns pesquisadores que procuraram trazer luz à vida e ao legado desta mulher: um deles é Luiz Mott, que escreveu, em 1993, Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana Brasileira, uma obra densa, profunda e com muitos pormenores acerca da vida de Rosa. Os documentos comprobatórios atestam a existência de vida desta mulher que, portanto, não foi uma figura mítica e nem deve ser tratada como tal.

Dentre as/os milhares de africanas/os que vieram forçadas/os de África para o Brasil durante mais de três séculos de escravidão, em 1725 chega uma menina de apenas seis anos. Seu nome Rosa foi concedido após ser batizada no Rio de Janeiro, procedimento comum ao chegarem em nossas terras: todos eram obrigados a serem batizados e a viverem conforme a doutrina cristã católica. Dessa forma, abriram mão de suas divindades e cultos aprendidos na terra mãe África.

Pouco ou nada se sabe sobre sua família, infância e a travessia forçada para o Atlântico nos navios negreiros. O que se sabe é que é da Costa de Mina, conhecida como nação courana. Por isso, ficou conhecida por alguns como Rosa Courana.

Em toda sua vida neste país, Rosa transitou entre a cidade do Rio de Janeiro e o Estado de Minas Gerais. Foi uma mulher de grande coragem, destemida, que lutou e denunciou a escravidão. Acolhedora e visionária, fundou um primeiro recolhimento para mulheres, em sua maioria pretas, e que foram prostitutas. Estas mulheres não podiam almejar serem religiosas pertencentes às Congregações religiosas da época. Entre o período colonial e imperial há inexistência de corpos pretos na Vida Religiosa Consagrada no Brasil.
As escravizadas, tanto as forras quanto as de ganho, foram proibidas de serem religiosas no Brasil. O que era permitido (e às escondidas das autoridades eclesiásticas) era a prática da religiosidade católica e popular, mesclada a elementos religiosos africanos, esferas místicas, devoção às/aos santas/os e aos antepassados nas irmandades negras. Nesse sentido, Rosa viveu sua fé e prática católica durante toda a sua vida, sendo denunciada, presa e interrogada por bispos da época por sua religiosidade.

Ao chegar no Rio de Janeiro, Rosa foi vendida como escrava e abusada sexualmente pelo homem que a comprou. Viveu como prostituta durante 10 anos, até que, em um determinado dia, recebeu uma manifestação divina que a converteu totalmente em “Esposa da Santíssima Trindade”. Ao se converter, Rosa abandona seus trajes sedutores da vida como prostituta e doa aos pobres, gesto que se assemelha aos dos santos Francisco de Assis e Clara de Assis.

Rosa muda seu nome ao converter-se, procedimento comum no cristianismo católico utilizado pelas/os santas/os. Começa a se chamar Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, nome que faz referência a Santa Maria Egipcíaca, africana, que iniciou sua vida sexual muito precoce (não sabemos informar se foi abusada sexualmente, como Rosa) e que também viveu a realidade da prostituição; depois de se converter, assume o celibato como projeto de vida.

Rosa, mulher alta e negra retinta, experimentou em seu corpo chagas, vidência, êxtase, o fenômeno da tri locação, manifestação de espíritos, ações que as/os santos da história da Igreja Católica vivenciaram. Também se atribui milagres a sua pessoa. O ato de aprender a ler e a escrever, ocorrido depois da sua conversão, possibilitou a ela descrever estes fenômenos no papel.

Suas ações a conduziram à prisão pela Santa Inquisição de Lisboa. Rosa teve a sua vida e a sua história praticamente apagadas. Pouco ou nada se sabe sobre o final da vida de Rosa Egipcíaca. Conforme escreve Luiz Mott em seu livro, “o fim de seus dias, contudo, continuará envolto em mistério”.

FONTE: MOTT, Luiz. Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1993.

Em 12 de outubro de 1904, dezesseis anos após a assinatura da Lei Áurea, marco legal do fim da escravidão oficial no Brasil (1888), Laudelina de Campos Mello nasce na cidade de Poços de Caldas, no estado de Minas Gerais, filha de Maria Maurícia de Campos Mello e Marcos Aurélio de Campos Mello. Sua história de vida revela pontos de confluência com as histórias de vida de muitas meninas negras no Brasil da época. Laudelina começou a trabalhar aos sete anos de idade, tendo acesso à educação formal por apenas alguns anos, sendo forçada a abandonar a escola para cuidar de seus irmãos enquanto a sua mãe trabalhava.

Aos 16 anos de idade, Laudelina acompanhou a prisão injusta de sua mãe, presa por se recusar a atender ao chamado de sua empregadora num domingo – uma patroa que a tratou como propriedade e exigiu que a atendesse a qualquer dia e horário. Laudelina foi à delegacia de polícia e, impossibilitada de libertar sua mãe, foi pedir ajuda ao juiz da cidade – para quem sua mãe lavou roupa –, mas em vão, sendo expulsa por ele. Sua indignação foi tal que ela atirou pedras nas janelas da casa do juiz. Mais tarde, o juiz libertou sua mãe da prisão. Por mais precoce que fosse, aos 16 anos de idade foi eleita presidente do Clube 13 de Maio, que promovia atividades políticas e recreativas. A partir daí ela começou a trabalhar em organizações sociais do Movimento Negro. Aos 18 anos, ela se mudou para São Paulo. Aos 20 anos de idade casou-se e mudou-se para Santos, no litoral de São Paulo, trabalhando em movimentos populares locais.

Aos 26 anos de idade, Laudelina aderiu ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, mais tarde, à Frente Negra Brasileira (FNB), criada em 1931 como a primeira organização a exigir direitos iguais para as/os negras/os da sociedade brasileira do século 20. Nesses ambientes políticos, Laudelina adquiriu acesso à ferramentas de análise de sua própria realidade, como mulher negra e trabalhadora doméstica, cimentando seus conhecimentos (mesmo sem acesso à academia), acumulando sabedoria da realidade que vivia e fortalecendo sua compreensão de solidariedade a partir da experiência comum.

Aos 32 anos de idade, em 1936, criou a Associação de Trabalhadoras Domésticas, presidindo-a até 1942, quando foi fechada devido à proibição de atividades políticas pelo Estado Novo. Um ano antes, em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, Laudelina se alistou como soldado, inclusive atuando como espiã. Mais tarde, ela entrou para o Teatro Experimental do Negro (TEN), criado em 1944.  Em 1945, com a Anistia, foi possível reabrir a Associação, que foi presidida por Laudelina até 1949.

Em 1948 ela ficou viúva e no ano seguinte aceitou um convite para trabalhar como governanta da Sra. Bedecilda Vaz Cardoso, mãe da escritora Hilda Hilst. Um fato relevante é a constatação de Laudelina, de que a senhora acima mencionada era alguém sem preconceitos. Foi Bedecilda quem lhe deu o apelido de Nina. 

Em 1954, Laudelina mudou-se para Campinas. E como ela tinha o hábito de comprar e ler o jornal todos os dias, ficou indignada quando viu um anúncio racista para a posição de empregada. Como era de costume fazer, sua indignação a levou a agir. Ela foi ao Correio do Povo para falar com a pessoa responsável pelos anúncios nos classificados. Bráulio Mendes Nogueira, então diretor, aceitou a reclamação de Laudelina e mudou o anúncio no dia seguinte.

De 1949 a 1961, Laudelina trabalhou em clubes sociais. Indignada com o racismo e a segregação nos clubes, especialmente nas escolas de dança, Laudelina fundou uma escola de danças clássicas, mas as jovens brancas também puderam se inscrever; ela inaugurou a dança debutante negra. Laudelina então assinou uma parceria com o próprio Bráulio Mendes Nogueira e a partir daí mobilizou e organizou a Associação Profissional em Benefício dos Trabalhadores Domésticos. Em 1962, criou uma associação no Rio de Janeiro, e em 1963, em São Paulo. Tal destaque lhe rendeu o apelido de “terror dos patrões”, assim chamada pelo então Ministro do Trabalho Jarbas Passarinho em 1967. Anos de luta pelo reconhecimento dos direitos das trabalhadoras domésticas, até que, em 1988, ela foi convidada a liderar a mudança da Associação para Sindicato, qualificando em grande parte a luta pelos direitos trabalhistas.

Durante a ditadura civil-militar imposta no Brasil, Laudelina continuou sua luta, unindo-se e contando com o apoio das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), comunidades católicas de caráter progressista, com expressiva participação das mulheres.  As CEBs foram constituídas como a esfera epistemológica da Teologia da Libertação, uma teologia contextualizada no chão da América Latina.

Em 1991, aos 86 anos de idade, em 12 de maio, a defensora dos direitos das trabalhadoras domésticas Laudelina de Campos Mello morreu em Campinas, no estado de São Paulo, deixando um legado de vida e de uma luta precursora na denúncia da combinação de classe, raça e opressão de gênero, que pesa sobre a classe das trabalhadoras domésticas, a maioria das quais são mulheres negras.

FONTE:

BERNARDINO-COSTA, Joaze. Trabalhadoras Domésticas no Brasil: Um movimento de resistência re-existência. XXVI Congreso de la Asociación de Latinoamericana de Sociología. Asociación de Sociología de Guadalajara. (2007). Disponível em: https://cdsa.aacademica.org/000-066/1041.pdf.

ROCHA, Letícia. Laudelina Campos de Melo. O legado de uma mulher negra. Revista África e Africanidades. Caderno Intelectualidades Negras Brasileiras. Ano XIV, Ed 40 Nov/21 Jan/22. www.africaeafricaniddades.online

Luiza Helena de Bairros, popularmente conhecida por Luiza Bairros, nasceu no dia 27 de março de 1953, em Porto Alegre (RS), e faleceu em 12 de julho de 2016, na mesma cidade. Foi filha de Celina Maria de Bairros e de Carlos Silveira de Bairros. Graduada em administração, tem mestrado em Ciências Sociais e doutorado em Sociologia. Foi Secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (2007-2011) e ministra chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil (2011-2014).

Seu legado vai além do que sempre as mídias anunciam, restrito aos cargos públicos assumidos no Estado da Bahia e no Governo Federal. Encontramos a relevância do seu pensamento em inúmeros artigos e livros que, para além da academia, contribuiu e provocou a prática do movimento e o feminismo negro brasileiro. Foi também pesquisadora do Movimento Negro Brasileiro e de suas figuras, sistematizadora do legado deixado por outra grande feminista negra, Lélia Gonzalez. Seus textos privilegiavam particularmente a realidade que a cercava e a impactava, buscando aprofundar esse sentir/pensar a realidade. Corolário desse processo, desenvolvia profundos estudos e reflexões que seguem sendo necessários para aqueles e aquelas que buscam entender a atual conjuntura brasileira – especialmente, nesses últimos seis anos após o golpe.

Luiza Bairros foi gigante em seu pensamento e obra. Transitou com maestria pela política, a academia e a militância, e contribuiu fortemente ao lado de outras mulheres fundamentais para a consolidação do feminismo negro brasileiro. Em um dos seus textos, talvez, o mais conhecido, Nossos feminismos revisitados (1995), ela escancara as diversas opressões que pesam sobre os corpos de mulheres pretas, e a sociedade estruturalmente racista. Questiona o feminismo em suas várias vertentes que não trouxeram a categoria de raça nas suas articulações. Ademais, desmistifica conceitos chaves na discussão feminista, dentre estes, a teoria do ponto de vista feminista, advinda das feministas negras norte-americanas. Ao dialogar com a teoria do ponto de vista, fornece uma importante chave de análise ao constatar que não existe uma única identidade de ser mulher. Tal constatação nos permite pensar as diferentes formas de ser mulher, e coloca em xeque um modelo universalizante proposto pelo feminismo hegemônico, criticado pelas vertentes feministas negra e decolonial.

FONTE: BAIRROS, Luiza. Nossos Feminismos revisitados. Dossiê Mulheres Negras, da Revista Estudos Feministas, ano 03, 2º semestre, 1995.

Ines Curiel Pichardo, mais conhecida por Ochy Curiel, é uma pensadora lesbofeminista, expoente do feminismo decolonial, artista e militante afro-caribenha. Nasceu em 15 de março de 1963, em Santiago de los Caballeros, na República Dominicana. Atualmente reside na Colômbia, onde é professora na Universidade Nacional de Colombia. Graduada em Serviço Social, pós-graduada em Ciências Sociais, possui mestrado e doutorado em Antropologia.

Ochy Curiel é uma figura importante ao celebrarmos o mês das lutas das mulheres negras. Ela se encontra na origem do Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha – data em que, no Brasil, é celebrada também a vida e a luta de Tereza de Benguela. A data tem auferido muita relevância nos últimos anos, o que tem estendido o mês de atividades e comemorações por todo o território nacional. O dia 25 de julho foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992. Neste ano em questão, se comemorava o quinto centenário da “descoberta” da América. Muitos movimentos sociais e culturais e ativistas, incluindo Ochy Curiel, eram contra a celebração desta data, pois não havia o que ser comemorado: não houve descoberta, mas uma invasão com consequências nefastas para os povos originários.

Nesta conjuntura de reivindicações, estabeleceram o 1º Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, que teve como uma de suas coordenadoras Ochy Curiel. O encontro foi fundamental para articular as ações que já se encontravam em curso entre as mulheres pretas, impulsionando a criação de outros grupos para dar visibilidade e reconhecimento às lutas e para denunciar o racismo estrutural, o sexismo e o classismo. 

O ativismo e a militância, tendo como foco a luta antirracista e o sexismo, atravessou a trajetória de vida de Ochy ainda jovem. Nesse momento assume a consciência da condição de colonizada em conexão com a realidade vivida em seu país. Nesse sentido, dentre as suas mais relevantes atividades estão aquelas que diretamente se conectam com os movimentos sociais e populares. Ochy não vê sentido na separação entre a realidade e a academia, acreditando no diálogo entre ambas as dimensões.

Ochy é referência em estudos sobre o feminismo decolonial. Tal perspectiva feminista nos coloca diante dos efeitos da colonialidade e de suas diversas facetas, e nos convida a pensar em outras formas e saberes a partir do chão de nossas histórias. A pensadora, ainda, ttransita por uma perspectiva feminista negra, antirracista e lesbofeminista, buscando fazer os cruzamentos de raça, sexualidade e gênero. Enquanto feminista decolonial, lésbica e afro-caribenha, acredita que a ideia de heterossexualidade – tal como compreendida e vivida pelos povos colonizados –, se encontra profundamente sobre a égide da colonialidade de gênero. Este é um tema de uma das suas principais obras, La Nación Heterossexual (2013), (sem tradução para o português até o momento).

Ochy denota seu compromisso em trazer uma outra forma de entendimento da história. Em suas palavras: “Me propongo en esta presentación contar una ‘otra’ historia, la de una parte del feminismo de América Latina y El Caribe, un historia que ha sido invisibilizada a través de los tiempos, invisibilización que ha estado ligada a procesos de colonización y colonialidad histórica”. Seu ativismo, estudos e pesquisas têm sido fundamentais para o feminismo latino-americano, apontando caminhos para o entendimento de uma história que nos foi negada, e provocando outras estratégias de luta e resistência em nossos territórios.

 FONTE:

CURIEL, Ochy. Descolonizando el feminismo: una perspectiva desde América Latina e Caribe. 2009 

Primero Encuentro de Mujeres Negras Latinoamericanas y Caribeñas, celebrado en Santo Domingo-República Dominicana, Julio de 1992.