Exclusivo: Marta Alanis fala sobre a construção da Maré Verde na Argentina

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Fundadora da organização Católicas por El Derecho a Decidir na Argentina é uma das vozes mais relevantes no movimento pelo direito ao aborto no país.

No dia 30 de dezembro de 2020, o Senado argentino aprovou, com 38 votos favoráveis, a legalização do aborto no país. O projeto foi sancionado sem ressalvas pelo presidente católico Alberto Fernández. Tal conquista foi fruto de anos de articulação e de luta dos movimentos feministas.

Marta Alanis é integrante da organização Católicas por El Derecho a Decidir – Argentina, um dos principais movimentos que contribuíram para a aprovação da legalização da interrupção voluntária da gravidez na Argentina.

Em entrevista exclusiva realizada por Católicas pelo Direito de Decidir – Brasil em Buenos Aires, a ativista conta sobre os bastidores do processo de mobilização realizado entre ativistas, parlamentares e jornalistas, e como os grupos religiosos conservadores atuaram para impedir a aprovação da lei.

“A Conferência Episcopal da Argentina pressionava a cada deputado para que votassem contra o projeto de lei. Também foram até o presidente pedir que não apresentasse tal lei”, relata Alanis.

Na entrevista, dividida em quatro partes, a ativista também explica como surgiram os pañuelos verdes (panos verdes), símbolos da luta pela descriminalização e legalização do aborto na Argentina, e que se espalhou para outros países latino-americanos, e como a produção destes materiais contribuiu para a autonomia de muitas trabalhadoras.

“Conseguimos organizar cooperativas de mulheres costureiras que faziam os panos por um bom preço. Essas mulheres podiam empoderar-se fazendo os panos, pois eram muitos”, explica Marta Alanis. “Seguiam fazendo lenços e também havia pessoas vendendo nas ruas vendendo.”

Ela ainda diz que “é muito necessário a participação política das mulheres” para o fortalecimento da democracia. “Sem democracia não pode haver ampliação de direitos. Não podemos conseguir direitos em governos autoritários. Temos que trabalhar a curto, médio e longo prazo”.

“Tínhamos vergonha e não tínhamos esperança. E depois de 25 anos conseguimos a lei, então não podemos desanimar, porque Bolsonaro vai passar, as coisas mudam, até as ditaduras caíram na América Latina”, afirma, em tom de esperança e perspectiva. “Estamos totalmente solidárias às companheiras de Católicas pelo Direito de Decidir do Brasil, com as feministas do Brasil.”

A série de entrevistas ainda explica como o sistema público de saúde argentino tem se adaptado à recente lei, a história de luta pela legalização do aborto na América Latina e Caribe, e a importância da participação das mulheres nos espaços políticos. Os vídeos estão disponíveis no canal do YouTube de Católicas pelo Direito de Decidir.