Durante evento inédito, OMS apresentará atualização de suas recomendações para a prevenção do aborto inseguro; Fórum acontece nos dias 18 e 19.

Profissionais de saúde, ativistas e pesquisadores estão convidados a participar do I Fórum Latino Americano de Serviços de Aborto legal – Compartilhar para Avançar. De forma inédita a nível de América Latina, o evento será realizado nos próximos dias 18 e 19 de fevereiro, e trará debates sobre avanços e lacunas no que diz respeito ao acesso e ao fortalecimento dos serviços de aborto legal na região.

A intenção do Fórum é pavimentar caminhos que possam beneficiar a discussão sobre o direito ao aborto legal na América Latina sob a perspectiva de saúde pública. A partir da abordagem “compartilhar para avançar”, o evento, que será online, trará uma variedade de vozes de profissionais da saúde para debater o tema.

A convite da organização do evento, representante da OMS (Organização Mundial da Saúde) apresentará, com exclusividade, uma atualização das recomendações da Organização para a prevenção do aborto inseguro. Há nove anos, a entidade lançou a segunda edição do documento “Abortamento seguro: orientação técnica e de políticas para sistemas de saúde”, voltada para profissionais de saúde que trabalham na atenção ao abortamento.

“O uso das recomendações clínicas deve adaptar-se a cada mulher, devendo enfatizar sua condição clínica e o método de abortamento específico a utilizar-se, ao mesmo tempo em que são consideradas as preferências de cada mulher com respeito a como espera ser atendida”, afirma a introdução do documento lançado em 2013.

Segundo a própria OMS, atualmente, cerca de 19 milhões de abortos inseguros ou perigosos são praticados no mundo e estima-se que 13% das mortes maternas decorrem dessa prática. As mulheres que fazem aborto inseguro na América Latina representam 19,5% em nível mundial, com mortalidade de 12% segundo o Ipas, uma organização internacional que promove o acesso à direitos reprodutivos e sexuais.

Apesar desta realidade, há uma lacuna na oferta e aprimoramento de serviços em toda a região latino-americana, que é uma das que mais pune a interrupção da gravidez do mundo, ao lado do continente africano. Exatamente por isso, também é a região com um dos maiores números de mortes por aborto seguro do mundo. Recentemente, apenas México e Argentina tiveram avanços em suas leis, o que gerou maior abertura para que o tema seja discutido.

O evento, que terá especialistas do Brasil e de toda a América Latina, é promovido por organizações do movimento de mulheres e de profissionais da saúde, como Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), Anis – Instituto de Bioética, Rede Médica pelo Direito de Decidir (Global Doctors for Choice/Brasil), CEPIA (Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação) e Casa das Mulheres da Maré. O apoio à realização conta com a Fòs Feminista, Fundação Heinrich Böll e Ipas.