Das violações de direitos sofridas cotidianamente pela população mundial, algumas têm sido sistematicamente agravadas pela conduta dos políticos e religiosos. Nos referimos aos direitos sexuais e às diferentes formas de famílias. Há décadas, movimentos sociais progressistas e organismos internacionais lutam para que esses direitos sejam reconhecidos como direitos humanos para garantir o bem estar individual, interpessoal, social e para o desenvolvimento pleno das populações.
Mas o que significa ter esses direitos garantidos? Significa que a toda pessoa seja permitido: expressar sua sexualidade sem coerção, exploração ou abuso; tomar decisões sobre sua própria vida sexual; ter prazer sexual; estabelecer vínculos afetivos, matrimoniais e sexuais consentidos; decidir ter filhos ou não; decidir sobre como e quando ter filhos; significa ter acesso à informação sobre o exercício da sua sexualidade, inclusive por meio de instituições sociais como as escolas, por exemplo; ter acesso aos serviços para a manutenção da saúde sexual; ter uma vida sexual livre de discriminação e violência.
O Brasil experimenta alguns avanços neste sentido, mas ainda sofre com a violação de muitos direitos. Violação perpetrada principalmente por pessoas com ideias fundamentalistas que há séculos fazem um uso perverso da religião para exercício de poder, e cujas ações e discursos odiosos condenam o amor livre e a diversidade humana.
No Congresso ou nas igrejas, conversadores e religiosos desrespeitam os direitos sexuais, pregando ideias discriminatórias para parte da população que, consequentemente, aceita que pessoas sejam insultadas, atacadas e mortas simplesmente por não seguirem as práticas heterossexuais tidas como ‘normais’.
Mas afinal o que é normal? É normal alguém ser assassinado a cada 26 horas no país porque ama uma pessoa do mesmo sexo? É normal ser expulso da própria casa ou ser espancado até a morte pelo pai por ser homossexual? É normal que alguém não tenha sua família reconhecida? É normal que alguém que deseja ter filhos seja impedido de realizar seu sonho? É normal que não se possa doar sangue para quem precisa? É normal não poder acariciar nem beijar quem se ama em público? É normal ser impedido de mudar algo de que você não gosta no seu corpo? É normal jovens tirarem a própria vida porque a sociedade não os aceita? É normal ser perseguido, xingado e humilhado na rua, na escola, no trabalho, na família? Não, isso não é normal! Mas acontece diariamente com gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis. E isso é violência! A disseminação desse pensamento absurdo tem consequências devastadoras no mundo. A conivência, omissão ou incentivo de políticos, igrejas e sociedade perante esse tipo de violência deve ser rechaçada.
Gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis não querem invadir o mundo, matar cristãos e promover a Ditadura Gay como dizem algumas pessoas de má fé por aí. Elas querem se livrar dos recalques impostos por nossa cultura contaminada por ensinamentos religiosos tortos e moralistas que enclausuram e adoecem nossos corpos e mentes. Elas querem viver livre do ódio e da violência. Elas querem respeito, compreensão, amor, felicidade e direitos!
Religiosamente, há quase duas décadas, um mar de gente vinda de todas as partes do Brasil e do mundo toma as ruas da capital paulista para mostrar para a sociedade de forma festiva e política que normal é amarmos uns aos outrxs sem violência, sem discriminação, sem exclusão.
Católicas esteve presente na 12ª Caminhada de Mulheres lésbicas e bissexuais e na 18ª edição da Parada LGBT, realizadas respectivamente nos dias 3 e 4 de maio de 2014. Assista ao vídeo que fizemos contra o fim da discriminação de gênero e orientação sexual.