Por Maria José Rosado, presidenta de Católicas pelo Direito de Decidir
Meninas e adolescentes têm se mobilizam por uma pauta feminista e assim se declaram. Que maravilha o ativismo feminista das jovens gerações brasileiras. Na contramão deste movimento estão as igrejas cristãs! Enquanto lutam para impor uma construção – esta sim, ideológica – do gênero como algo maldito e condenável (esta sanha das religiões em condenar e amaldiçoar!) – as novas gerações tomam as ruas em sua luta – esta, sim, legítima, defensável, ética e justa – para acabar com o machismo e o domínio dos homens – religiosos e políticos – definindo o que podemos ou não fazer com nossos corpos que, diferentemente do que acontece com “eles”, além de nos dar prazer, podem também parir, gerar outros seres humanos. Que maravilha quando podemos fazer isso com alegria e na expectativa de uma nova vida a enriquecer a humanidade!
Enquanto isso, líderes religiosos – no caso católico, celibatários, i.e., solteiros e sem permissão oficial de realizarem sua sexualidade, atribuem-se o direito de regular nossas vidas. E no Congresso Nacional – políticos com passado no mínimo duvidoso, que usam o dinheiro público como se fosse seu – querem ditar regras, fazer leis em absoluta dissintonia com a sociedade. Muitas das manifestações a que temos vistos ou de que temos participado pedem, nas ruas e nas redes sociais, respeito às regras do jogo democrático, respeito aos direitos das mulheres, de negras e negros, da população LGBT, querem justiça social, uma sociedade menos desigual e mais solidária, a realização da cidadania de todas e todos.
Nesse horizonte é que nossa agenda hoje não é apenas negativa: contra a aprovação do PL5069, do ainda presidente da Câmara, Eduardo Cunha. É também uma agenda positiva: que as mulheres brasileiras tenham reconhecido em lei seu direito a interromper uma gravidez. Que o aborto seja no Brasil, legal, seguro e gratuito. Talvez tenha mesmo chegado a hora. E quem sabe, faz a hora, não espera acontecer!