Nós, Católicas pelo Direito de Decidir denunciamos aqui a política migratória do atual governo dos Estados Unidos que prejudica pessoas imigrantes, refugiadas e requerentes de asilo. A instalação de centros de detenção na fronteira com o México, dos quais se tem notícia de haver tratamentos desumanos, deportações, separação das crianças de suas famílias, sem direito a defender-se em tribunal é cruel e desumana. As pessoas ficam presas em gaiolas, em áreas cercadas, em condições de risco de vida.
A primeira economia mundial é uma nação de imigrantes e tem participação ativa dos mesmos, com sua força de trabalho, suas variadas culturas, nem sempre valorizadas e reconhecidas. Denunciamos também que regimes políticos que aprofundaram a pobreza na América Central e Caribe, apoiados pelos EUA, produziram e seguem produzindo esfacelamento das economias locais, aumento da violência e migrações forçadas. Denunciamos este gigantesco muro, colocado no lugar de pontes.
Nossa solidariedade aos 70 religiosos e religiosas algemadas e presas por participarem pacificamente da manifestação “Luzes por Liberdade”, na ocasião do Dia Católico pelas Crianças Imigrantes, na entrada principal do Senado dos EUA, em ato de desobediência civil. As lideranças religiosas portavam placas e gritavam os nomes de crianças migrantes que morreram sob custódia do governo. O ato contou com o testemunho dos pais e mães de crianças encarceradas.
Prender e algemar estes religiosos foi um ato de profundo desrespeito à dignidade humana. É inacreditável constatar que uma das religiosas presas, a Ir. Pat Murphy, de 90 anos, também foi presa e algemada, porque defendia seus irmãos imigrantes.
Nos reaviva o ânimo pensar que ainda há pessoas com capacidade, coragem e amor suficiente para não aceitar os maus tratos a tantas famílias imigrantes, que sofrem as consequências da pobreza e da falta de possibilidades de viver dignamente em seus países.
Nos unimos a estas pessoas e a todos aqueles e aquelas que se manifestam contra tamanha arbitrariedade.
Como católicas não podemos ficar indiferentes aos horrores que têm sido praticados contra as pessoas mais vulneráveis. São essas pessoas vítimas das relações econômicas, sociais, raciais e de gênero, no Brasil e em toda América.
Mais do que nunca, afirmar os Direitos Humanos de todas as pessoas sem qualquer discriminação, é dever de todos e todas, mas especialmente daqueles e daquelas que professam a fé cristã.