Nós, CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR, manifestamos nossa indignação pelo ocorrido ontem na Câmara dos Deputados. O que se ouviu como justificativa para votos favoráveis ao impeachment não se referia ao conteúdo das acusações feitas à Presidenta da República. Provavelmente pelo reconhecimento não explicitado de que tais argumentos e acusações são insustentáveis. As invocações à família e a deus, que nada tem a ver com as razões pelas quais se quer afastar a Presidenta, tinham como horizonte as próprias famílias e um deus à imagem e semelhança desses parlamentares. São suas famílias e seus deuses que defendem. A tomada do Congresso Nacional por grupos retrógrados que usam a religião a favor de seus interesses privados, pessoais, familiares e de grupos que financiam suas campanhas nada tem a ver com princípios e ideais religiosos. Menos ainda com um Estado laico. Usurpam às religiões seu horizonte utópico de defesa incondicional do direito de todas as pessoas a uma vida digna e a um futuro de esperança para si e para seus filhos e filhas. Desrespeitam a Constituição ao querer garantir privilégios para si. Em uma democracia, projetos políticos devem ser disputados na arena pública, na discussão com a sociedade; não por meio de métodos espúrios e conchavos secretos. Devem ser submetidos ao voto popular. Cabe ao povo decidir. Se querem implantar no país um projeto neoliberal, negando direitos sociais, disputem nas urnas.
É ainda inconcebível que uma pessoa sobre a qual pesam gravíssimas acusações se arvore em juiz de qualquer outra, muito menos de alguém que não sofre uma acusação sequer de caráter pessoal.
Iremos novamente às ruas, pela democracia, por um Estado realmente laico, pelo respeito à Constituição. E contra o recurso a supostos princípios religiosos que apenas refletem ideologias conservadoras, neoliberais, que negam aos pobres seus direitos fundamentais.
Com nossas irmãs cubanas, clamamos: NÃO NOS CANSAMOS, NEM NOS RENDEMOS!!!