Dormimos em um país democrático e acordamos em uma teocracia?!
Foi essa sensação que tivemos ao ler a declaração do Exmo. Sr. Ministro da Saúde, Ricardo José Magalhães Barros afirmando que para discutir a questão do aborto, haveria que se chamar as igrejas. Além disso o Ministro ainda comparou, de maneira infeliz, a problemática do aborto à do crack!
A formação profissional, engenharia, do novo ocupante da pasta da saúde na esfera federal por um lado causa espanto por sua total desconexão com a área de saúde, e por outro justifica plenamente suas afirmações. Sem qualquer sensibilidade para a realidade ou mínimo de embasamento científico. Devemos nos perguntar, então: o que faz um engenheiro no Ministério da Saúde?
Frente a essa realidade, nessa data tão importante em que reivindicamos a plena saúde das mulheres, gostaríamos de pontuar que a saúde integral da população feminina depende de políticas públicas que garantam atendimento as suas necessidades durante todo seu ciclo vital, e que leve em consideração suas escolhas.
Políticas públicas sobre a saúde sexual e a saúde reprodutiva não se constroem conversando com líderes religiosos, com representantes de igrejas, mas tomando em conta informações, tais como, dados epidemiológicos, resultados de pesquisas acadêmicas, estudos publicados sobre o assunto e, ouvindo sobretudo, o que as mulheres têm a dizer sobre a questão.
A garantia da saúde integral das mulheres envolve comprometimento dos gestores da saúde que devem se pautar pela garantia do respeito à todas as cidadãs, independente de seu credo religioso ou de não professarem nenhuma fé, como deve ocorrer em um Estado que é laico. Não podemos aceitar que um governo legisle sobre a saúde das mulheres, se pautando por concepções que tenham a ver com crenças religiosas ou interesses privados. É tarefa do governo garantir a autonomia de cada mulher para tomar decisões sobre sua saúde sexual e reprodutiva.
Reafirmamos que a saúde integral das mulheres é um direito de cada uma das cidadãs desse país e esse direito deve ser garantido pelo Estado democrático.
Catolicas pelo Direito de Decidir