Nesta semana, foi noticiado na imprensa internacional que o papa Francisco admitiu que padres e bispos abusaram sexualmente de freiras. Impulsionadas pelo movimento #MeToo, freiras do mundo todo tem denunciado com maior frequência abusos de membros da Igreja. O pontífice admitiu que o Vaticano deve fazer mais para parar a violência e fará mais pelas vítimas.
A fala do papa e seu compromisso com a mudança deste cenário sórdido de violência contra mulheres no meio religioso nos parece atitudes positivas. Recentemente, Dom Aldo Pagotto, arcebispo emérito da Paraíba, foi finalmente desmascarado. A Justiça do Trabalho condenou a Arquidiocese da Paraíba a uma indenização de R$ 12 milhões por casos de abuso sexual contra menores de idade.
Nós, Católicas feministas, devemos insistir para que a Igreja Católica instale mecanismos de controle e punição das práticas cometidas e que padres abusadores sejam julgados pela justiça civil. É inaceitável que possam continuar celebrando ou que sejam apenas transferidos de paróquia, sem que a sociedade sequer saiba quem esses criminosos realmente são.
A estrutura da Igreja deve ser questionada e o domínio dos homens, junto a exclusão absoluta de mulheres nas instâncias decisórias devem ser mudados de forma profunda. As mulheres devem deixar de ser apenas mão de obra barata para a instituição, e a produção da teologia feminista deve compor o corpo teológico da Igreja Católica.
Se o problema é estrutural, a solução deve ser também estrutural. Entendemos que a forma religiosa católica tradicional de viver e encarar a sexualidade de modo proibitivo não contribui para a mudança dessa realidade. Assim, lutaremos pelo fim da violência sexual contra as mulheres, para que todas tenham o direito ao livre exercício de sua fé, sem que para isso tenham que abrir mão de sua autonomia e liberdade.
Católicas pelo Direito de Decidir
06/02/2019