Por Fórum das Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Paulo e Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e Educação Popular (CESEEP)
“Escutem bem, chefes de Jacó, governantes da casa de Israel! Por acaso, não é obrigação de vocês conhecer o direito? Inimigos do bem e amantes do mal, vocês esfolam o povo e descarnam os seus ossos; vocês são gente que devora a carne do meu povo e o esfola; quebra seus ossos e os faz em pedaços, como carne na panela, como cozido no caldeirão.” (MIQUÉIAS 3, 1-3)
“Herodes mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território ao redor, de dois anos para baixo…” Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias: “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais.” (MATEUS 2, 16-18)
Em GAZA centenas de crianças foram mortas e feridas, o povo segue aterrorizado sem ter para onde ir. Na região, faltam comida, água, medicamentos. Os médicos e agentes de saúde são insuficientes frente aos milhares de feridos, afetados física e psicologicamente. De 1,8 milhão de pessoas encurraladas como num campo de concentração, cerca de 450 mil ficaram e desalojadas desabrigadas pelos bombardeios. A quem recorrer? O grito deste povo ecoa pelo mundo!
O governo de Israel usa todos os pretextos para a manutenção da guerra, pois esta operação já estava preparada desde o ano de 2013. A extrema direita de Israel necessita das reações do Hamas para se justificar no poder, dinamizar sua produção bélica e a ampliar ilegalmente suas fronteiras. Recentemente, os Estados Unidos aceitaram o pedido de Israel de aumentar em 500 milhões de dólares sua ajuda em armas.
Porta-vozes da ONU já admitem que os alvos civis atingidos, como casas, hospitais, escolas, centros de refugiados e mesquitas, não o foram de maneira acidental. Fazem parte da estratégia de disseminar o pavor entre a população e leva-la a submeter-se à situação intolerável de cerco e asfixia que lhe é imposta por Israel.
Muitos israelenses subiram às montanhas, para assistir de longe aos bombardeios, acreditando nas notícias manipuladas e fermentadas no ódio étnico. Outros, porém, ousaram levantar a voz contra essa guerra insana.
O povo palestino quer de volta suas terras ocupadas desde 1967, por Israel. Este, por sua vez, não respeita as fronteiras territoriais palestinas; mantém férreo controle e impõe bloqueio sobre todas rotas terrestres, marítimas de aéreas da faixa de Gaza.
Denunciamos aqui este crime contra a humanidade, em pleno século XXI. Um crime não justifica outro: seja o terrorismo de grupos ou o terrorismo de Estado. Ambos são parecidos e se alimentam mutuamente. E, enquanto isso, as autoridades mundiais seguem de braços cruzados, assistindo passivamente a este novo massacre da população de Gaza.
Esta política belicista de Israel é equivocada, pois semeia o ódio e coloca em cheque a segurança de seu próprio povo, ao qual diz defender. A paz e a segurança a que Israel tanto aspira e às quais têm direito, precisam estar alicerçadas no reconhecimento do mesmo direito à paz e segurança, por parte do povo palestino.
Rogamos pela Paz ao Deus da Vida, invocado na tradição abraâmica, tanto por judeus, quanto por cristãos e muçulmanos, Queremos a Paz, como fruto da justiça; Paz como encontro respeitoso entre os diferentes povos, culturas e religiões. Queremos a mesma Paz anunciada pelos profetas e por um judeu de Nazaré, que foi crucificado, por não pactuar com o Império e sua dominação, mas que caminhou com os pobres, os imigrantes, os doentes, as mulheres e as crianças, anunciando-lhes a boa nova do Reino, onde eles são os preferidos de Deus.
Que cesse o massacre do povo de Gaza!
Toda nossa solidariedade à população martirizada de Gaza!
São Paulo, 12 de agosto de 2014