A violência racista se espalha por todas as dimensões da vida cotidiana. De acordo com o Atlas da Violência 2018, em uma década, os assassinatos de negros cresceram 23%. A pesquisa de 2019 aponta que 66% de todas as mulheres assassinadas no ano de 2017 no país eram negras. Os números revelam o descaso do Estado em garantir políticas públicas de proteção a essas mulheres para que vivam uma vida sem violência.
O ano de 2019 marca também o aprofundamento da violência contra as religiões afro brasileiras por parte de grupos fundamentalistas. Fortalecidos pela eleição de um governo que traz em sua política o discurso racista e intolerante, grupos conservadores intensificaram seus ataques nas redes sociais e também aos terreiros, destruindo imagens e espaços de fé em diversas partes do país.
Nenhum outro campo da fé tem sofrido tanto no Brasil. Isto é uma das marcas de um racismo institucionalizado, fortalecido pela herança escravocrata e pela invisibilização da diversidade religiosa nos grandes veículos de comunicação e na educação brasileira. Como feministas católicas, repudiamos todas as formas de racismo e nos colocamos neste 20 de novembro como aliadas na luta contra o racismo religioso.
E a resistência contra o racismo e pelo bem viver estará nas ruas. A XVI Marcha Da Consciência Negra acontece no dia 20/11, a partir das 13:00, no vão do MASP, em São Paulo/SP. Este ano, o mote da marcha é “Vida, Liberdade e Futuro! Contra o genocídio e criminalização do povo negro! Basta de Bolsonaro, Doria e Covas”.
Nós, Católicas pelo Direito de Decidir reafirmamos nosso compromisso antirracista pela vida do povo negro. Denunciamos as políticas de extermínio do Estado e fazemos coro à resistência pelo bem viver, pelo acesso irrestrito à saúde, à educação, ao trabalho e à justiça.