Iniciativa marca o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Legalização do Aborto, celebrado em 28 de setembro.
O que uma mulher católica, sufocada por uma religião controladora, hierárquica e patriarcal, diria a um padre durante uma confissão? Pensando nisso, a ONG Católicas pelo Direito de Decidir lançou hoje (27/09) a campanha Eu Confesso. No vídeo, uma mulher religiosa exprime sua revolta e tristeza pelos posicionamentos conservadores da Igreja Católica em relação ao aborto e o desrespeito à laicidade do Estado.
A campanha propõe uma reflexão sobre as consequências do fundamentalismo religioso sobre a sociedade, ressaltando a importância de separar Estado e Igreja. A produção destaca a atuação do conservadorismo religioso contra a agenda de gênero, principalmente os direitos sexuais e direitos reprodutivos.
“O vídeo retrata uma mulher que mantém sua fé, porque acredita que a religião pode ser acolhedora para todas as pessoas, mas também dá voz à sua indignação diante de injustiças cometidas pela Igreja”, comenta Denise Mascarenha, coordenadora executiva da organização feminista. “A nossa fé não impede que se questione a instituição, a hierarquia, que diversas vezes reproduz e se beneficia de opressões. A Igreja Católica já cometeu atrocidades ao longo da história. Em 1995, a CNBB pediu perdão pelas práticas durante a colonização do país. Em 2004 o Papa João Paulo II pediu perdão pela Inquisição. Reconhecer isso tem sua importância, mas não basta. É preciso corrigir os erros de hoje”.
A iniciativa de Católicas pelo Direito de Decidir marca o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Legalização do Aborto, celebrado em 28 de setembro. Para a coordenadora executiva da ONG, há uma grande importância em destacar a data no cenário brasileiro. “Os países da América Latina e Caribe são muito influenciados pelo catolicismo e são países em que os direitos sexuais e reprodutivos não são plenamente garantidos.”
O vídeo já está disponível no canal do YouTube e nas redes sociais da ONG.
30 anos de trabalho no Brasil
Em 2024, Católicas pelo Direito de Decidir celebra 30 anos de trabalho no Brasil, uma organização não-governamental (ONG) composta por católicas feministas que lutam pelos direitos sexuais e direitos reprodutivos das meninas, mulheres e pessoas que gestam no Brasil, sempre apoiadas na prática da teologia feminista para promover mudanças sociais, especialmente nos padrões culturais e religiosos.
“Nessas três décadas temos mostrado que não há incoerência em sermos católicas e defendermos a descriminalização e legalização do aborto. Os direitos de meninas e mulheres não devem ser baseados em crenças ou ideais religiosos. É por isso que, em toda a nossa trajetória, defendemos e continuaremos a defender o Estado Laico”, conclui Denise Mascarenha.