Católicas pelo Direito de Decidir lança campanha em defesa do Estado Laico

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Campanha ‘Eu, você e o Estado laico: O que tem a ver?’ será realizada entre 14 e 18 de junho com debates online e vídeo-manifesto inédito pela vida das meninas e mulheres.

Em um contexto marcado pela forte atuação dos conservadorismos religiosos na arena política, a defesa do Estado Laico se torna uma peça essencial. É buscando refletir sobre este cenário na atualidade e traçando caminhos de futuro, que a organização Católicas pelo Direito de Decidir lança a campanha “Eu, você e o Estado laico: O que tem a ver?”.

A campanha terá um ciclo de eventos online que acontecerão entre os dias 14 e 18 de junho. Além de debates entre lideranças religiosas de diversas vertentes, no lançamento será exibido um vídeo-manifesto exclusivo produzido pela organização que, com ele, reafirma seu compromisso com a garantia de direitos para meninas e mulheres.

“Católicas pelo Direito de Decidir é uma organização de mulheres feministas católicas que, diante da influência histórica da religião na sociedade, percebeu a necessidade de refletir como as religiões se relacionam com outras formas de dominação como o patriarcado e o racismo, contribuindo para a construção de narrativas que tentam justificar e legitimar opressões e violências, principalmente em relação às mulheres”, afirma Denise Mascarenha, coordenadora-executiva da organização. “É necessário indagar sobre o que é posto como ‘natural’ ou incontestável, mesmo em instituições milenares, porque questionar é democrático: onde há dúvida, há liberdade.”

O vídeo-manifesto que inaugura a campanha será exibido durante os debates. Ele retoma a história da menina capixaba que veio a público em agosto de 2020 e chocou o Brasil. Ela, uma criança, engravidou após ter sido violentada sexualmente dentro de casa. À época foi violentada novamente por grupos fundamentalistas que tentaram impedir a interrupção da gravidez prevista em lei na porta do hospital e chamaram médicos de “assassinos”.

“Crianças não são mães. Crianças podem brincar de ser mães, mas elas nunca deveriam ser mães. Seus corpos devem ser respeitados. De novo, eu preciso repetir: crianças não são e nunca deveriam ser mães (…). A defesa de um Estado Laico é a base fundamental para uma sociedade democrática. Estamos falando sobre existência”, diz o texto do vídeo, que é uma animação criada exclusivamente para a campanha realizada pela organização feminista.

Vídeo-manifesto da Campanha “Eu, você e o Estado laico: O que tem a ver?”

Esta realidade não é isolada. A cada hora, quatro meninas brasileiras de até 13 anos são estupradas, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública; a maioria dos crimes é cometido por um familiar. Em 2019, último dado disponível, mais de 66 mil estupros aconteceram no Brasil: 85,7% de meninas com menos de 13 anos.

Autoridades e conservadores que defendem “vida desde a concepção” ignoram esta realidade de milhares de meninas, e se silenciam diante de um outro dado alarmante: o Brasil tem o maior índice de morte materna ocasionada pela COVID-19 do mundo. Para a organização, defender o Estado Laico e os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres também é garantir uma maternidade digna e segura.

Para abrir a programação dos ciclos de debates, Alexya Salvador, professora e primeira reverenda trans da América Latina, e Hajj Mangolin, da coordenação nacional dos Comitês Islâmicos de Solidariedade (CIS), participam da mesa “O que significa defender o Estado Laico hoje?”, que será mediada por Letícia Rocha, de Católicas Pelo Direito de Decidir.

O segundo encontro, mediado por Isabel Felix, também integrante da organização, busca trazer novos olhares: a mesa “Diálogos de futuro: Estado Laico, Direitos e Religião” buscará refletir e articular novas possibilidades na relação entre direitos e religiões e contará com a participação de Edelson Soler, membro da Comissão Regional para o Diálogo com a Diversidade, órgão ligado à Região Sé da Arquidiocese de São Paulo, e de Franklin Felix, espírita, colunista da CartaCapital.

O encerramento é com a apresentação do grupo afro formado apenas por mulheres Ilú Obá De Min, que significa “mãos femininas que tocam tambor para Xangô”. Em show exclusivo, elas agregam ao evento a energia de celebração do sincretismo religioso e, em especial, da força abundante das mulheres.

MESA 1: O que significa defender o Estado laico hoje?
Data e horário
: segunda-feira, (14), às 19h
Convidados: Alexya Salvador, professora, ativista e reverenda da Igreja da Comunidade Metropolitana de São Paulo (ICM); e Hajj Mangolin, da coordenação nacional dos Comitês Islâmicos de Solidariedade (CIS).
Mediação: Letícia Rocha, membro de Católicas pelo Direito de Decidir.
Transmissão será realizada pelo YouTube da organização.

MESA 2: Diálogos de futuro: Estado Laico, Direitos e Religião
Data e horário
: sexta-feira (18) às 19h
Convidados: Edelson Soler, membro da Comissão Regional para o Diálogo com a Diversidade, órgão ligado à Região Sé da Arquidiocese de São Paulo; e Franklin Felix, espírita, colunista do Diálogos da Fé na CartaCapital e Membro da Diretoria de Católicas pelo Direito de Decidir.
Mediação: Isabel Felix, membro de Católicas Pelo Direito de Decidir.
Transmissão será realizada pelo YouTube da organização.

ENCERRAMENTO: na sexta (18), para encerrar a semana de lançamento da campanha, após a mesa “Diálogos de Futuro: Estado Laico, Direitos e Religião”, será transmitida pelo YouTube uma apresentação exclusiva do bloco afro Ilú Obá de Min.

Sobre o Ilú Obá De Min: O grupo Ilú Obá De Min – Educação, Cultura e Arte Negra é uma associação paulistana, sem fins lucrativos, composto por mulheres que trabalham para difundir culturas de matriz africana e afro-brasileira. Fundado em 2004, o Bloco Afro Ilú Obá De Min é o projeto mais conhecido da instituição; uma bateria formada exclusivamente por mulheres enaltece a cultura afro-brasileira, além de destacar o protagonismo delas no mundo.