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Rede de Católicas enviam carta ao Papa Francisco — Católicas pelo Direito de Decidir

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Rede de Católicas enviam carta ao Papa Francisco

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Católicas enviam carta ao Papa Francisco

No último dia 28 de Setembro (Dia pela Descriminalização do Aborto na América Latina e no Caribe), a rede Latino-americana de Católicas pelo Direito de Decidir compareceu à Nunciatura Apostólica no México para encaminhar uma carta ao Papa Francisco. Elas pediam que o Papa compreendesse as mulheres que abortam e também o convidam para se reunirem e dialogarem sobre o bem das mulheres.

Confira a carta na íntegra:

Querido Papa Francisco,

Como Rede Latinoamericana de Católicas pelo Direito de Decidir lhe escrevemos com carinho, confiança e agradecimento pela proximidade que sentimos em suas palavras e gestos que recorrem à mensagem de amor e ética do nosso querido Jesus de Nazaré.

Agradecemos que nos lembre que nossa Igreja deve acompanhar com paciência, porque as pessoas se constróem dia a dia; que o confessionário é o lugar da misericórdia de Deus; que a nossa Igreja seja uma casa aberta em que todas as pessoas participem e que a Eucaristia “não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os imperfeitos”[1].

Suas exortações adentram profundamente em nossos corações porque somos feministas crentes comprometidas com a vida e com a saúde das mulheres, com a busca pela justiça social e a defesa dos direitos humanos, particularmente os direitos sexuais e reprodutivos, incluindo o acesso ao aborto legal e seguro.

No nosso caminhar aprendemos que a maternidade é uma escolha livre e não uma imposição nem um destino obrigatório. É uma decisão amorosa e responsável que requer de cada mulher desejo, compromisso e trabalho e cada sociedade demanda uma renovação cultural e jurídica para que possamos exercer o direito de decidir se queremos ser mães, se continuamos ou interrompemos uma gravidez indesejada. Da mesma forma, confirmamos que Deus está sempre conosco em qualquer circunstância e que nos momentos difíceis de nossas vidas foi presença amorosa, companhia, amizade, diálogo interior, compreensão, respeito, apoio, liberdade, oração, desejo, bondade e escolha.

Temos certeza de que o lugar da Igreja é onde acontecem os dilemas e sofrimentos humanos, particularmente junto das mulheres que se encontram em extrema necessidade, que por razões profundas abortam e precisam de compreensão e misericórdia. Como sempre reforçamos, ninguém aborta com alegria em seu coração nem com a fria intenção de prejudicar uma vida em formação.

Compreendemos que a inflexibilidade acaba com a proximidade entre as pessoas, é desumana e causa muitíssimo sofrimento; que o principal em nossa comunidade de fé é a mensagem de Jesus e que os ensinamentos do evangelho são como cartas de misericórdia, de compreensão, de ânimo, de alívio e nos lembram que o essencial não é seguir normas rígidas, mas mostrar compaixão, trabalhar com justiça e atuar com amor. Certamente “necessitamos diretrizes morais e princípios de orientação, porém nós, pessoas concretas, precisamos ser compreendidas com nossos problemas, sofrimentos e contradições”[2].

Por tudo isso solicitamos, junto a muitas católicas e católicos, que analise as seguintes considerações:

  • Nossa Igreja necessita uma maior sensibilidade humana e viver um espírito de compreensão, consolo e misericórdia diante dos milhões de mulheres que já abortaram ou estão abortando com enorme dor, porém convencidas de que é a sua melhor decisão devido às circunstâncias concretas.
  • A despenalização e legalização do aborto não significa bondade, uma concessão, nem uma defesa incondicional da interrupção de uma gestação indesejada, mas apenas a possibilidade de oferecer condições humanas a uma prática que quando se realiza na ilegalidade coloca em risco a saúde e a vida de muitas mulheres e meninas, especialmente as mais pobres.
  • A interrupção voluntária e informada de uma gestação pode ser justificada por diversas razões: pobreza extrema ou desnutrição, salvar a vida da mulher ou evitar um grave risco à sua saúde; também impedir danos maiores a quem foi vítima de estupro, em particular, meninas e adolescentes que além de tudo estão expostas a gestações de alto risco devido à sua idade. Do nosso ponto de vista, a justificativa mais importante é a autoridade moral que as mulheres têm para tomar essa decisão de acordo com sua consciência.
  • Em consequência disso, é preciso mudar, por questões humanistas e cristãs, a postura oficial de nossa Igreja a respeito do aborto, porque a atual está colocando em risco a vida e a saúde de mulheres e meninas grávidas. Reformemos nossa atitude pastoral para retomar o que já está em nossos cânones e os divulguemos, já que consideram as circunstâncias nas quais aquelas que abortaram não estão sujeitas à excomunhão.
  • Dado que os Estados devem atender às necessidades de uma cidadania cada vez mais diversa e plural, nossa Igreja deve deixar de influir em legislações e políticas públicas baseadas em evidência científica para respeitar os direitos de todas as mulheres, crentes e não crentes.
  • Como reduzir o sofrimento? Por que uma gestação que significa uma catástrofe para a mulher não pode ser um argumento para a decisão? Como resolvemos a contradição da nossa instituição que nega o uso de métodos anticoncepcionais modernos que evitam as gestações indesejadas e ao mesmo tempo se opõe ao aborto? Como a nossa Igreja retoma as reflexões teológicas e pastorais que desvinculam a sexualidade da procriação, as mulheres da maternidade, o corpo da maldade…?

Querido papa Francisco: temos consciência de que esses temas são altamente complexos e difíceis, sobretudo em um continente com tanta pobreza, discriminação e desigualdade. Por isso o convidamos para nos conhecer, dialogar e encontrar hospitalidade mútua, reconhecendo que é possível colocar uma toalha na mesa do coração para propiciar, com a ajuda de Deus, que se irrompa o bem na vida de tantas mulheres latinoamericanas.

Sororalmente,

Integrantes da Rede Latinoamericana de Católicas pelo Direito de Decidir

(Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, El Salvador, Espanha, México, Nicarágua, Paraguai, Peru)

[1] Francisco, Exhortación Apostólica Evangelii Gaudium, números 16, 39, 44 y 47. https://w2.vatican.va/content/dam/francesco/pdf/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium_sp.pdf

[2] José Antonio Pagola, El camino abierto por Jesús. Madrid, PPC, 2010, p. 94.