Por uma vida digna e livre da violência homofóbica

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Autoria: Católicas

Nota:

No domingo, dia 9 de fevereiro de 2014, a Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre a violência homofóbica em São Paulo, entrevistou LGBTs, vítimas e o deputado Jean Wyllys. O texto descrevia o que aparentemente possa ser uma mudança de comportamento dos homossexuais em lugares públicos diante dos casos de agressão.

Consideramos importantíssimo que a mídia revele os casos absurdos de homofobia no Brasil, no entanto, as ‘dicas’ de segurança que complementavam a matéria são um desserviço para a sociedade! Recomendar que gays, lésbicas e transgêneros, para não serem agredidos ou assassinados, devem andar em grupo, não dar ‘pinta’, não demonstrar afeto, evitar locais públicos e viver enclausurados é, no mínimo, uma afronta aos direitos humanos. Onde estamos? Numa savana? Ou em uma sociedade democrática de direitos?

Esta ‘recomendação’ nos lembrou daquela feita, em 2011, por um policial que, durante uma palestra sobre segurança em uma universidade no Toronto no Canadá, disse às estudantes que para não serem estupradas não deveriam se vestir como prostitutas. Da fala absurda do policial machista nasceu o movimento internacional Marcha das Vadias.

Não, para não serem estupradas as mulheres não têm que se trancar em suas casas! Não, para não serem assassinados e agredidos os homossexuais não têm que sucumbir diante da realidade homofóbica no Brasil. É essa sociedade machista e homofóbica que tem que mudar!

É preciso que os movimentos sociais que lutam pelos direitos de todos se unam diante desta barbárie. É preciso que as autoridades de todas as esferas políticas respeitem todos os cidadãos e garantam a segurança de todos! É preciso que a mídia denuncie as violações dos direitos humanos e não profira ideias absurdas como essas na tal ‘recomendação’. É preciso que o Estado Laico seja garantido de fato para que nos libertemos dos fundamentalistas políticos que ameaçam as liberdades individuais e os direitos da população, especialmente das mulheres, LGBTs, negros, índios, e todos que vivem sob violência estatal e social histórica.

Do início de 2014 até esta semana, foram registrados cerca de 45 casos de homicídio homofóbico no país, isso sem contar os casos não registrados nem os casos de agressão. A violência contra gays, lésbicas e transgêneros no Brasil é alarmante. Quase metade dos crimes homofóbico que ocorrem no mundo acontecem no Brasil. É chocante saber que, apesar desse cenário absurdo, existam pessoas que pensem como o policial canadense.

Nós, Católicas pelo Direito de Decidir, estamos convencidas de que a dignidade humana independe da sexualidade e que isso já não deveria ser tema de discussão. Erros do passado quando vistos hoje, parecem-nos absurdos. Como é possível pensar que a Igreja chegou a afirmar que índios não tinham alma? Que a escravidão do povo negro era algo natural? Também é absurdo o desrespeito às pessoas homossexuais, e esse erro tem que ser corrigido, porque a humanidade terá vergonha dessa discriminação.

Apoiamos inteiramente as pessoas que têm mostrado que o amor não escolhe sexo, graças a elas, ser homossexual já não é entendido como defeito, doença ou pecado… É a liberdade que ganha espaço em nossa sociedade.

Deus é relação e nos quer em relação amorosa, sem nenhuma distinção, por isso condenamos toda ação homofóbica e reconhecemos a benção de Deus em todas as expressões de amor.