Ontem, dia 03/12, o deputado federal do PSL, Bibo Nunes, em live promovida em seu canal, agrediu as parlamentares da Câmara dos Deputados, ofendendo-as de histéricas, o que configura violência política de gênero, ato de agredir e/ou desqualificar parlamentares em função do seu gênero com o uso de expressões depreciativas.
A violência de gênero na política aumentou, segundo o levantamento da Revista AzMina e o InternetLab. Foram coletados 347,4 mil tuítes, entre os dias 15 e 18 de novembro, que citam candidaturas que disputam o segundo turno em municípios de treze estados brasileiros.
Foram monitoradas 20 candidatas a prefeita e seus opositores, além de 15 vice-prefeitas e três candidatos à prefeitura. Eram direcionados às candidatas 109,4 mil tuítes – oito mil tinham algum termo ofensivo. Entre os tuítes com termos ofensivos, 17,3% eram ofensas diretas às candidatas. Manuela D’Ávila (PCdoB) foi alvo de 90% dos ataques. Luiza Erundina (PSOL) sofreu ataques em relação a sua idade. Suéllen Rosim (Patriota), primeira prefeita negra eleita em Bauru, sofreu ataques racistas.
As violências de gênero têm muitas faces e perpassam as organizações políticas. Gênero e raça são desqualificados a fim de constranger figuras públicas femininas. Ao longo dos séculos, as mulheres foram, e ainda são, taxadas como loucas, histéricas ou infantilizadas na tentativa de inferiorizá-las e excluí-las dos espaços públicos e, sobretudo, dos espaços públicos de poder.
Católicas pelo Direito de Decidir, em sua luta contra todas as formas de violência contra as mulheres, manifesta a sua indignação com as ofensas do deputado e endossa o pedido da Comissão de Ética da Câmara dos Deputados para que o mesmo seja punido. Ao fazer tal ofensa, o deputado naturaliza uma ação discriminatória que subestima o papel das mulheres na sociedade e na política brasileira. Nos solidarizamos com as parlamentares vítimas dessas violências misóginas, sexistas e racistas.
Seguiremos defendendo a ampliação do espaço das mulheres na política, através de políticas de reparação. Toda nossa admiração pelas parlamentares que reconhecem as mazelas que esse sistema causa a todas nós e que lutam pelo fim das desigualdades sociais.