Por Católicas pelo Direito de Decidir
A cada 8 de março nos perguntamos o que há para comemorar. Este ano, Católicas pelo Direito de Decidir tem uma razão particular para celebrar. Dias atrás, pesquisa realizada em 12 países confirmou o quanto nossas convicções e nosso ideário refletem o que pensa e vive uma grande parte, se não a maioria de fieis católic@s em todo o mundo: os princípios morais pregados pela igreja no campo da sexualidade não são aqueles pelos quais regem suas vidas. Os resultados obtidos após serem ouvidos mais de 12 mil católicos são reveladores da profunda divergência existente entre fiéis e dirigentes da instituição. O fim do celibato dos padres, o uso de anticoncepcionais, a aceitação plena de divorciados na comunidade, a ordenação de mulheres como sacerdotisas e a união de casais homossexuais são amplamente apoiados pela comunidade católica. Dados de pesquisa realizada por Católicas em 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, confirmam essa realidade, revelando que o abismo entre o pensamento clerical e o de jovens católicos brasileiros, entre 16 e 29 anos, é ainda mais profundo do que entre adultos. Como pretende a Igreja tratar essa juventude que é o seu futuro?
O mais surpreendente dessa pesquisa internacional, porém dá-se em relação à questão em que a posição oficial da igreja é a mais rígida e inflexível: o direito de decisão por um aborto. Há um amplo apoio dado pela população católica à sua liberalização. As respostas a essa questão foram classificadas em “liberal” (permissão do aborto em qualquer situação); “semi-liberal” (permissão limitada a alguns casos específicos) e “conservadora” (proibição total). Nos países europeus participantes da pesquisa (França, Espanha, Itália e Polônia), as posições liberal e semi-liberal totalizam de 82% a 94%. Nos Estados Unidos, 87%. A América Latina (Argentina, Brasil, Colômbia e México) não está longe desse índice, a soma das duas posições ficando entre 73% e 81%. O índice mais alto vem do Brasil: liberação em alguns casos: 74% e 7% em todos os casos. Dos 12 países pesquisados, apenas 3 (Uganda, Congo e Filipinas) concordam com o que propõe a hierarquia católica nessa questão.
Católicas pelo Direito de Decidir sente-se parte dessa ampla parcela da população católica que entende e pratica sua fé ancorada nos princípios da liberdade e de uma moralidade que tem como fundamento a afirmação do amor e do respeito à dignidade de todas as pessoas. E reiteramos a pergunta: Até quando poderá a Igreja Católica ignorar suas e seus fiéis?