Tradução do artigo escrito por Juliana Britto para o site Feministing
O governo paraguaio está negando o serviço de abortamento legal que uma menina de 10 anos de idade, vítima de estupro e sua família solicitaram. A garota, que não teve o nome divulgado, foi estuprada pelo padrasto e só descobriu a gravidez depois de 20 semanas. Apesar de o aborto ser ilegal no Paraguai, exceto em casos de perigo extremo para a vida da gestante, o governo não abrirá exceção para o caso dela.
A gravidez nessa idade é, na verdade, muito perigosa, notas da blogueira Tara Culp-Ressler no ThinkProgress. Meninas menores de 16 anos tem 4 vezes mais chance de morrer e de ter complicações médicas no parto. Inclusive, 28 menores morreram devido a complicações na gravidez só no ano passado no Paraguai.
Já vimos esse problema de colocar as políticas antes das vidas das mulheres em toda América Latina. Ano passado, o Chile negou a uma menina de 11 anos o aborto que ela precisava e não muito antes disso, em El Salvador Beatriz, de 22 anos, quase morreu porque a justiça não permitiu que ela interrompesse uma gravidez. Se você precisa de mais prova do que isso para entender que esse é um problema sistêmico, no México as mulheres são presas por terem abortos espontâneos e, atualmente em El Salvador, 17 mulheres estão na cadeia pela interrupção de sua gravidez.
Negar às mulheres o aborto não é simplesmente sobre religião e diferença de opinião. É sobre negar às mulheres sua liberdade básica de autonomia sobre seus corpos, saúde e até suas vidas em alguns casos. A ONU compara o bloqueio ao acesso ao aborto como tortura. Culp-Ressler diz que: “Segundo as leis de direitos humanos, direitos reprodutivos são reconhecidos como um fator crítico na redução da mortalidade materna, e oficiais da ONU pedem aos países com bloqueis ao aborto letal que removam restrições desnecessárias ao acesso ao procedimento.”
Banir o abortamento legal coloca as vidas das mulheres em risco e não protege as crianças. Protege o poder.
Assine a petição da Anistia Internacional que pede para que o presidente Cartes garanta a essa jovem menina o aborto que ela necessita.