Organização feminista vai na contramão de movimentos conservadores e busca sensibilizar sociedade para a garantia de direitos de meninas e mulheres.
Com o objetivo de sensibilizar e promover diálogo propositivo sobre aborto legal no país, a organização feminista Católicas Pelo Direito de Decidir lança, nesta terça-feira (28), em que o dia Dia Latino-Americano e Caribenho pela Descriminalização e Legalização do Aborto é celebrado, a campanha #LegalizarParaAvançar.
A ideia central da campanha é chamar atenção para o fato de que, ainda em 2021, há uma moralidade – religiosa e conservadora – que parou no tempo e é um grande entrave para o avanço dos direitos das mulheres no país, como é o caso da criminalização do aborto.
“Em um país que não oferece adequadamente educação sexual, acesso a métodos contraceptivos e que não se responsabiliza pela saúde reprodutiva de todas asmeninas e mulheres, criminalizar o aborto é, no mínimo, um ato de crueldade”, afirma Denise Mascarenha coordenadora geral de Católicas Pelo Direito de Decidir.
Nas redes sociais, junto com a hashtag, a organização lançará um vídeo que recupera proibições e medidas históricas que, pautadas pelo machismo, excluíram as mulheres da vida pública e cassaram seu direito à autonomia – e que hoje não mais fazem sentido como, por exemplo, a proibição do voto feminino e o uso da tese da “legítima defesa da honra”.
Em seguida, o vídeo segue e a locução coloca em perspectiva essas questões, afirmando que “hoje é fácil entender que esses pensamentos são um absurdo” e quebra a quarta parede, referindo-se ao espectador, e pergunta: “Quantos anos você vai precisar pra entender que esses [o direito ao aborto] também?”
Para sustentar este argumento, a organização recuperou comentários ofensivos que recebe constantemente em suas redes sociais e trouxe para o vídeo. Falas como “Aborto legal é o caralho! tem que pensar antes de engravidar!” e “Toda Mulher tem direito de não abrir as pernas e não de matar uma criança!” são reproduzidas na locução por vozes anônimas.
Mascarenha acredita que o momento político da campanha não só marca a data de luta no calendário feminista, mas também é oportuna tendo em vista que, recentemente, projetos de lei – tanto do governo federal, quanto de administrações municipais – que visam dificultar o acesso ao procedimento garantido por lei desde 1940, além de criar datas para celebrar o “Dia Nacional do Nascituro” e “Semanas de Combate ao Aborto”.
Institucionalmente, a organização espera criar condições políticas e sociais para superar uma cultura conservadora religiosa que fere diretamente a autonomia das mulheres. “Para nós, as motivações religiosas só reforçam nossa luta pela descriminalização e legalização do aborto. Não há nenhuma contradição entre ser católica e defender a legalização do aborto. Estamos mais uma vez unidas neste 28 de setembro”, conclui a coordenadora..
Em junho, a organização também lançou a campanha “Eu, você, Estado Laico: o que tem a ver?”. Vídeo-manifesto, parte da mobilização, lembrou a história da menina capixaba que veio a público em agosto de 2020 e a reação de religiosos conservadores que chocou o Brasil; “Crianças não são mães. (…). A defesa de um Estado Laico é a base fundamental para uma sociedade democrática. Estamos falando sobre existência”, diz o texto do vídeo.
Sobre Católicas pelo Direito de Decidir – Brasil:
Católicas pelo Direito de Decidir é uma organização social brasileira fundada no Dia Internacional da Mulher de 1993. O grupo composto por católicas feministas há 26 anos luta pelos direitos sexuais e direitos reprodutivos das meninas e mulheres no Brasil; sempre apoiadas na prática da teologia feminista para promover mudanças sociais, especialmente nos padrões culturais e religiosos. Mas não estamos sozinhas. Há outras Católicas pelo Direito de decidir na América Latina, Estados Unidos e Europa. Saiba mais aqui.
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