Por Católicas pelo Direito de Decidir
No dia 25 de novembro foi lançada a Campanha Mundial de Combate a Violência Contra as Mulheres e se estenderá até o dia 10 de dezembro, “Dia Internacional dos Direitos Humanos”.
A data de 25 de novembro de 1960 ficou conhecida mundialmente por conta de atos extremamente violentos cometidos contra mulheres na América Latina. As irmãs Dominicanas Pátria, Minerva, e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas”, que lutavam por soluções para problemas sociais de seu país foram perseguidas, diversas vezes presas até serem brutalmente assassinadas.
Organizações de mulheres reunidas em Bogotá, Colômbia, em 1981 instituíram o dia 25 de novembro como “Dia da Não Violência Contra a Mulher”, homenageando as irmãs mortas e em 1999, a Assembleia Geral da ONU proclama essa data como “Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher”.
Mais uma vez publicamente manifestamos nossa indignação frente à violência sexista que ainda submete tantas mulheres. Nos diferentes espaços da vida social as mulheres continuam a ser humilhadas, desrespeitadas, espancadas.
Porém, não podemos também deixar de reconhecer, que a sociedade brasileira têm repudiado a violência gratuita que afeta a vida das mulheres. Hoje, já não dizemos que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”, há um processo de mudança de mentalidade que, lentamente, caminha na contra mão do senso comum que legitima o domínio masculino frente às mulheres. Isso significa que abrimos um caminho novo, para que as mulheres não se submetam mais aos maus tratos e humilhações, seja em casa, no trabalho, na academia, nas igrejas, nos espaços de lazer.
Mas, há setores sociais que insistem em continuar sendo anti-democráticos e não reconhecem o valor das mulheres. Católicas pelo Direito de Decidir vem publicamente denunciar, entre tantas violências, a violência institucional e simbólica que marca a vida das mulheres no âmbito religioso: somos vistas como consumidoras de bens espirituais, trabalhamos nas pastorais, mas não temos acesso à produção do saber e o sagrado é para nós, espaço de interdição.
Há inúmeros exemplos que evidenciam o fechamento da Igreja para implementar institucionalmente práticas mais democráticas e que não sejam excludentes. Neste momento, nos solidarizamos com o Padre Roy Bourgeois, de nacionalidade belga, fundador da SOAW-Escola das Américas, que por querer uma igreja mais igualitária e apoiar a ordenação de mulheres como sacerdotes, foi excomungado por decisão da Congregação Vaticana para a Doutrina da Fé no dia 19 de novembro passado. Depois de servir à Igreja durante 40 anos, agora está sendo desvinculado da ordem Maryknoll. Tal atitude vinda da hierarquia católica nos envergonha e nos entristece. Todo nosso apoio e solidariedade ao padre Roy Bourgeois.
Por outro lado, há no Brasil, mulheres abusadas sexualmente por padres e pastores que não respondem judicialmente por seus atos e continuam sendo acobertados por suas instituições. A gravidade de tais situações nos obriga uma vez mais a não calar nossa indignação. Por isso nesse dia defendemos a igualdade de direitos e o respeito às mulheres em todos os espaços sociais!